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Near Protocol: “Só temos duas alternativas: Ou acabamos num episódio de Black Mirror ou construímos uma Web aberta”

Illia Polosukhin lidera uma empresa de blockchain cujos ativos digitais estão avaliados em mais de seis mil milhões de dólares. Depois de ter chefiado a equipa que criou uma das ferramentas mais populares da Google, está agora determinado em criar as bases para uma nova geração de serviços online – e tem muito dinheiro para fazê-loTensorFlow. O nome provavelmente não lhe diz muito, mas esta é uma das bibliotecas de software mais populares no desenvolvimento de soluções de aprendizagem automática (machine learning). E muita da popularidade desta plataforma de código deve-se a Illia Polosukhin. Quando chegou, em 2014, à equipa que estava a criar esta ferramenta, só era usada pelos engenheiros da própria Google. Quando saiu, em 2017, já era uma das mais populares entre programadores de Inteligência Artificial.

O segredo? Criar uma forma, ao nível da experiência de utilizador, de tornar algo que era tecnicamente complexo em algo que pudesse facilmente ser usado por um maior número de programadores. Agora, com a Near Protocol, Illia tenta repetir a fórmula, mas numa área completamente diferente: rede descentralizada de registos imutáveis, também conhecida como blockchain.

Mas a Near Protocol não começou como uma empresa de tecnologia blockchain: quando foi fundada, chamava-se inclusive Near AI, pois era uma startup de pesquisa em Inteligência Artificial. “Tivemos pessoas a trabalhar para nós na China, Rússia e Cuba, e tínhamos dificuldade em pagar-lhes. Enviar dinheiro dos EUA para a China e Cuba é complicado. E começamos a olhar para a blockchain como uma forma de resolver o nosso próprio problema”, conta, em entrevista à Exame Informática.

Depois perceberam que existe, o que dizem ser, uma enorme oportunidade por explorar. Num mundo de serviços online dominado por um pequeno grupo de empresas – Google, Facebook, Amazon, Microsoft, Apple –, parece existir uma cada vez maior vontade em criar uma nova web, baseada em serviços que não são controlados pelas empresas, mas sim pelos próprios utilizadores que participam nesses serviços. A Web 3.0 ainda é uma miragem, mas a revolução está em marcha.

Devolver a web aos utilizadores

Illia Polosukhin está em Lisboa para anunciar um fundo de 4,3 milhões de euros para apoiar projetos portugueses de aplicações descentralizadas (dapps). Na prática, são aplicações iguais às que já usamos no smartphone ou computador, com a grande diferença de funcionarem ‘em cima’ de uma plataforma descentralizada e não num servidor centralizado. O problema? As dapps exigem um conhecimento tecnológico elevado aos utilizadores, o que por seu lado faz com que tenham uma baixa adoção no mercado.

“Como é que o fazemos o mais fácil possível, idealmente tão simples como aquilo que as pessoas usam atualmente, desde sistemas bancários ao Facebook? Deve funcionar de forma tão simples como isso”, conta.

É aqui que entra a Near Protocol. Esta é uma plataforma de desenvolvimento em blockchain, ou seja, pode ser usada por outros programadores para criar serviços e aplicações descentralizadas. “Nós providenciamos a infraestrutura, depois há outras pessoas a construir por cima”.

Segundo o próprio Illia, a Near Protocol pode ser vista como uma plataforma de blockchain focada em experiência de utilizador. A ideia é que o utilizador em vez de ter uma conta diferente para cada serviço, tenha uma única conta associada a um protocolo de blockchain (neste caso, da Near). E com esta conta pode aceder a todos os serviços que são criados naquela blockchain: seja uma plataforma de empréstimos, seja um jogo, seja uma coleção de arte.

E o utilizador é quem tem o poder de decidir que informações da sua conta são partilhadas com cada um dos serviços: com um pode partilhar apenas o nome, com outro pode partilhar também data de nascimento, localização e preferências. Mas logo aqui existe uma mudança de paradigma: o utilizador tem maior poder na gestão dos seus dados pessoais, ao contrário do que acontece atualmente.

“Na nossa visão de longo termo, queremos que todas as pessoas no mundo tenham controlo dos seus ativos, dos dados e poder de decisão. Todos devem poder ter posse nas plataformas que usam, nas aplicações que usam, para fugirem dos ‘Facebooks’, que estão a tirar partido dos teus dados para vender a anunciantes”, explica o empreendedor ucraniano. “Os protocolos vão tornar-se valiosos, será para isto que os utilizadores vão ser atraídos e depois vai haver muita inovação sobre a forma como estes dados vão ser usados”.

Mas também existe uma componente tecnológica que distingue a Near de outras blockchains. “Escondemos toda a complexidade. Por baixo, existe um conceito chamado sharding [dividir a carga de processamento da rede], nós escalamos a capacidade da rede em função da procura, isto é único de todos os outros”, defende.

Atualmente, a plataforma já tem cerca de 100 projetos ativos, que envolvem mais de mil programadores. E até 2025, fase em que já terá sido aplicado o fundo de 800 milhões de dólares que a Near Protocol anunciou nesta terça-feira, Illia espera que sejam já “dezenas de milhares” os projetos de aplicações descentralizadas.

Apesar de a revolução das dapps ser anunciada desde 2016, a realidade mostra que apesar de haver mais projetos, o número de utilizadores é baixo. Mas Illia é otimista nas projeções que faz: “Só temos duas alternativas: ou acabamos num episódio de Black Mirror ou construímos uma Web aberta. Acredito na segunda e estou disposto a trabalhar para isso”.

Créditos: Rui da Rocha Ferreira – Visão Sapo / Luís Barra – Trust in News

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